Oct 15, 2018
Sejam todos bem-vindos a esse breve editorial do Pistolando
Podcast. Para quem já acompanha o nosso trabalho já deve ser bem
óbvia a nossa posição com relação ao segundo turno das eleições
presidenciais, mas vivemos tempos tão malucos que pensamos que o
óbvio também precisa ser dito e reafirmado.
O que quer que aconteça nesse segundo turno, nós já perdemos,
como muitas pessoas sábias já perceberam e vêm afirmando por aí. Já
perdemos porque a barbárie já chegou. Mesmo que Haddad seja eleito
e consiga governar, mesmo que Bolsonaro seja eleito e não precise
dar um golpe militar porque Câmara e Senado são dele, mesmo que o
governo do Bolsonaro seja ótimo e não tome posições extremistas e
que prejudicam as minorias, a mentalidade fascista já se espalhou.
Já foi semeada e deu frutos, já pariu incontáveis filhotes.
Desafiamos vocês a negar o que está acontecendo nas ruas, as
ameaças, as agressões, o medo de quem sempre foi deixado de lado
pelas autoridades e agora está sendo massacrado com a bênção
delas.
O que deveria ser um sistema de governo que tutela os mais
vulneráveis está mostrando ser exatamente o que qualquer pessoa que
raciocina e tem sentimentos humanos sabia que iria acontecer: a
corda arrebentando displicentemente do lado mais fraco. Pra nós do
Pistolando, a tristeza maior é saber que tem gente que acha que
vale a pena sacrificar minorias pra manter seus próprios
privilégios. Ficamos tristes de ver que o ódio ao PT, muitas vezes
sem ter a real noção dos números envolvidos, leva pessoas a
compartilhar mentiras que elas SABEM que são mentiras, com o único
intuito de eleger “qualquer coisa, menos o PT”, mesmo que essa
“qualquer coisa” seja um governo que considera abomináveis parcelas
consideráveis da população.
Não conseguimos e jamais conseguiremos entender quem está
disposto a pagar, por uma suposta retomada econômica, o preço
altíssimo representado pela barbárie, pela selvageria, pela
ausência de democracia. De certa forma compreendemos que situações
desesperadas levam a escolhas desesperadas, mas nunca, nunca
perdoaremos quem entende exatamente o que está acontecendo, e mesmo
assim escolhe o lado da barbárie. Se você tem acesso a informações
mas escolhe não se informar, ou escolhe repassar informações
falsas, ou escolhe ignorar quem desmente as fake news que você
posta no zap sem checar, ou escolhe votar nele assim mesmo porque
prefere a promessa de um governo bom pra você mas que prejudica as
minorias, a culpa disso tudo que tá acontecendo é sua, e essas
atitudes são imperdoáveis.
Ficamos com muita raiva de constatar que mais uma vez somos
deixados sem escolha: ou nos rebaixamos a jogar o jogo sujo do
outro lado, sem escrúpulos, mentindo, difamando, fingindo, violando
a lei, tudo com o apoio descarado do Judiciário, ou perdemos. Na
primeira hipótese, nos tornamos quase tão ruins quanto eles. Na
segunda, somos aniquilados. A sensação de impotência consome
qualquer um que não tenha sangue de barata. Não queremos nos tornar
como eles, mas sermos exterminados também não ajuda.
Sejamos a sinceridade que gostaríamos de ver no mundo: Haddad
não é a salvação da lavoura, não era nem o melhor nome entres os
concorrentes do primeiro turno. Infelizmente diante do cenário
desesperador no qual acabou se consolidando esse segundo turno não
temos escolha a não ser digitar 13 e esperar que a democracia
brasileira, já tão combalida nestes últimos 30 anos, consiga
sobreviver a mais esse duro ataque.
Ganhe quem ganhar, tomaremos as ruas.
Ganhe quem ganhar, seremos oposição.
Ganhe quem ganhar, ofereceremos resistência a toda e qualquer
tentativa de retirada de direitos da classe trabalhadora.
Convidamos cada um que ouvir essa declaração, que é meio
editorial, meio apelo à razão, a engrossar as fileiras e estar ao
nosso lado pelos tempos que virão.
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produção de conteúdo independente.
Nos próximos dias teremos alguns episódios extras em nosso
feed para falar sobre algumas coisas que permeiam o contexto das
nossas eleições mas que não tocam diretamente no assunto. Serão
episódios mais curtos e menos produzidos. Essas publicações vão
bagunçar um pouco o nosso cronograma, então não sabemos direito
como serão as coisas nas próximas semanas. Voltaremos à programação
normal de episódios quinzenais após o fim das eleições.
Inserções:
- Trecho do discurso final de Charles Chaplin em “O Grande
Ditador”
- Francisco El Hombre - Bolso Nada